De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
Composição: David Mourão-Ferreira
quem quiser ouvir uma versão mais actual:
http://www.youtube.com/watch?v=5ElLSBx9Jo8 (interpretação da Marisa... que força! muito bom!)
Em 1954, os brasileiros Piratini (Antônio Amábile) e Caco Velho (Matheus Nunes) criaram uma notável canção cujo texto e música dispensam comentários "Mãe preta".
Em Portugal o texto foi proibido e David Mourão-Ferreira escreveu um texto diferente, também ele excelente "Barco negro".
No texto português a tragédia do pescador tinha substituído a tragédia da exploração e do racismo.
Em 1978 Amália Rodrigues gravou "Mãe preta" e tornou a música mundialmente famosa.
3 comentários:
é engraçado pores aqui esta letra... a música é linda, poderosissíma tanto na versão da Amália como na actual da Mariza.
o fado é místico, vai bem de mão dada com a vida.
bjinho gd
Bonita entrada :)
O que amamos ou amámos está sempre connosco..e é óptimo como isso nos pode transformar positivamente.. (depois de alguns caminhos inóspitos)
Lindíssima a interpretação da Marisa !
Gosto :)!
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