segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Grito - Edvard Munch





O QUE SOU EU, gritei um dia para o infinito
E o meu grito subiu, subiu sempre
Até se diluir na distância.
Um pássaro no alto planou vôo
E mergulhou no espaço.

Eu segui porque tinha que seguir
Com as mãos na boca, em concha
Gritando para o infinito a minha dúvida.

Mas a noite espiava a minha dúvida
E eu me deitei à beira do caminho
Vendo o vulto dos outros que passavam
Na esperança da aurora.
Eu continuo à beira do caminho
Vendo a luz do infinito
Que responde ao peregrino a imensa dúvida.

Eu estou moribundo à beira do caminho.
O dia já passou milhões de vezes
E se aproxima a noite do desfecho.
Morrerei gritando a minha ânsia
Clamando a crueldade do infinito
E os pássaros cantarão quando o dia chegar
E eu já hei de estar morto à beira do caminho.


Inatingível - Vinicius de Moraes

1 comentário:

Ana R. disse...

Acho que somos aquilo em que acreditamos... e também em parte aquilo que vamos optando..

Mas somos sobretudo tudo o que ainda podemos vir a ser , muito além do previsível :).. temos em nós essa maravilhosa imprevisibilidade mesmo num coração já sem expectativas ..

Muitas reflexões diferentes possíveis ligam todas estas tuas entradas ;) tá giro *Bom Ano :) !!

LET GO

Kiraṯ paiā nah metai ko▫e. Kiā jāṇā kiā āgai hoe. Jo ṯis bẖāṇā soī hūā. Avar na karṇai vālā ḏūā. 🙏🙏   Past actions cannot be erased....